
O fato de Deus agir em razão do deleite em sua glória não deprecia a generosidade da sua ação.
Do mesmo modo, a inclinação de Deus para comunicar o bem por deferência a si mesmo ou por deleite na sua glória não deprecia, de maneira alguma, a generosidade de sua beneficência. Esse fato fica claro ao se considerar particularmente os modos pelos quais fazer o bem a outros por amor-próprio podem ser incoerentes com o desprendimento da beneficência. A meu ver, existem apenas dois modos:
A benevolência desinteressada consiste em agir desse modo por prazer
Quando alguém faz o bem a outrem em decorrência de um amor-próprio restrito, que é o oposto de uma benevolência geral, esse tipo de amor-próprio é chamado corretamente de egoísmo. Em certo sentido, a pessoa mais benevolente e generosa do mundo busca a própria felicidade ao fazer o bem a outros, pois, para ela, a felicidade se encontra no bem dos outros. Sua mente é expandida para incluir os outros. Assim, quando os outros estão felizes, a pessoa sente essa felicidade ao participar com eles dessa alegria. Não se trata de algo incoerente com o desprendimento da beneficência; ao contrário, é o que constitui a benevolência e a amabilidade. A beneficência mais abnegada que pode existir no homem é fazer o bem, não em decorrência do egoísmo restrito, mas de uma inclinação para a benevolência geral ou para o amor à existência em geral.
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